quinta-feira, julho 06, 2006

Gosto-te..e gosto gostar-te..de mansinho

“Hoje ás 4 horas e 11 minutos faremos amor..
Vem e rasga-me o vestido...encosta o teu corpo ao meu.
Vem e lembra-me do teu sexo, do teu cheiro..do nosso desejo.
Vem que a minha boca tem já sede da tua e o meu corpo fome do teu.. Sexo, orgasmos, tesão, beijos, suor, orgasmos, gemidos,tesão, orgasmos, orgasmos, tesão....arranha-me a pele, marca-me de ti para que te sinta comigo...

Mas amor, desta vez, se vieres, vem devagarinho, chega de mansinho que tenho já a alma cansada e as asas doridas das quedas.. desta vez amor, arrisca o voo que eu falei já com os deuses e eles garantem ventos a favor..”

Tinham ambos fome de sentimentos, fome de afectos, fome de amor..tesão..

Ela deixou-lhe a porta do quarto entreaberta, havia na verdade pensado em fecha-la mas o vento teimava em fazer corrente de ar ..e assim ficou entreaberta por vontade própria do vento..por mais que vontade ,ainda que nem sempre assumida, dela..
E foi assim que ao deixar-lhe a porta do quarto aberta lhe pediu que entrasse de mansinho e a fechasse..cama, abraços, mimos, festinhas de pontinhas de dedos..e ela esperavam-no lá dentro, não necessitavam mais de portas abertas, bastavam-lhe janelas e por elas voariam..
Ele era homem passaro, na verdade menino e ela, ela, não lhe pedia nada em troca, apenas abraços ao dormir e que viesse de mansinho..e sem ter medo, sem fugir se deixasse ficar.. se deixasse tentar..

quarta-feira, julho 05, 2006

..














Por onde anda o teu corpo que não anda no meu?
A quem dizes tu palavras e silêncios que já não dizes a mim?
O meu corpo é mais quente com o teu..e tremo já de frio todas as noites..
Corre amor que o médico ja diagnosticou pneumonia e eu recuso substâncias e cobertores..

quinta-feira, junho 29, 2006

Asas cortadas hematomas finais
















“Se soltares um pássaro num quarto ou em qualquer outro local fechado ele baterá vezes sem conta nas paredes até cair e acabar por morrer..é por isso que tb tu bates e bates e bates..o teu lugar é no alto..és um homem pássaro nunca te esqueças..mas só voas se te atreveres a faze-lo..
Isto que te digo adapta-se a qualquer situação..voar é possível se não arrancares as tuas próprias asas, e é isso que fazes ao bater nas paredes..vais perdendo as penas..as asas..até ao hematoma final...tem cuidado!Evita o hematoma e sai antes pela janela, não vá o hematoma impedir-te de voar para sempre..”
Disse-lhe ela um dia...e ele, bem..ele continuou a bater..e a fugir do céu aberto que ela lhe oferecia.. talvez nem ele perceba bem porque foge..
Era um pássaro tão lindo, hoje não passa de um animal normal, banal, igual a todos os outros que ANDAM por aí..

sexta-feira, junho 23, 2006

"Fácil como voar"












Ele sobe bem lá no alto, fecha os olhos, abre as asas...sente o vento.
É lá no alto que renasce, homem pássaro, pássaro livre..homem novo.
É bem lá no alto que sinto o mesmo vento que lhe percorre as asas, nas minhas..ainda fechadas..
E vê-lo assim menino sonhador , menino sorridente, faz de mim menina apaixonada, menina mulher..e fecho os olhos e abro os braços e sinto o vento e voo com ele..cá de baixo..enquanto espero vento que me faça subir..
Um dia voaremos juntos, no ar, de asas abertas ao vento, de asas abertas a nós..
Ahhh o vento na cara....ahhh o vento no corpo..ah o vento em nós..o teu cheiro no meu..o meu corpo no teu..as nossas asas..hmmmm beijos, abraços, orgasmos ..hmmm olhares...

Foto- Spot:azinha

sexta-feira, maio 19, 2006






















Bem vindos ao rés-do-chão..

Aos que a acompanham desde o último andar ao rés-do-chão avisa que qualquer semelhança entre este espaço e o anterior será pura ilusão por ela propositadamente criada.
O último andar é onde ela era ela na sua forma mais pura, mais crua, mais nua, mais.aqui não, aqui é um ser menor.um ser que dela pouco tem..
Aqui raramente a verão e quando a virem dificilmente saberão.

Até aqui a viagem durou algumas semanas..veio de escadas umas vezes tropeçando e partindo asas ou sonhos durante as quedas, outras descendo vagarosamente e contemplando cada momento de despedida..A mudança de “cASA” demorou algum tempo, poucos móveis e pesados..mas foi necessária.

O último andar era mais despido que o rés do chão, as calças de bombazine dele, alguns cds, a cama, o sofá que trouxe daquela sala onde o ouviu tocar, incenso, os instrumentos musicais dele, os papeis dela, a caneta, uma manta, as asas deles e pouco mais...
Já o rés-do-chão, encontra-se elegantemente decorado para receber quem cá a visitar. Admite gostar mais da não decoração, da não camuflagem do ultimo andar mas as coisas não são como ela sonha e viu-se forçada a camuflar este local.
Assim, no rés-do-chão rende-se a todos quantos lhe rasgaram as asas, lhe perfuraram a pele, lhe estriparam sentimentos..a todos os que lhe violaram o sonho..
Aqui no rés-do-chão submete-se ás leis da selva e toda ela será fingimento quando assim o achar necessário.
Aqui poderá odiá-lo quando o odiar realmente ou quando o amar mais que nunca, aqui afirmará tê-lo esquecido quando tal tiver acontecido ou quando mais o lembrar..
No rés-do-chão nunca saberão o que sente..ou saberão sempre, dependendo da vossa capacidade de distinguir verdades e mentiras.
Neste local térreo a verdade só será possível graças ás escadas ali atrás daquela estante e que a levam até ao último andar mas que sempre irá negar que usa.
A partir de hoje, ele não mais saberá se ela o ama, o despreza, o escreve a ele ou se escreve outro..
A partir de hoje nada mais saberá sobre ela ..como ele nunca deixou saber sobre ele...

Local frio, sem sonhos e falso na maioria das vezes, é assim este espaço.

Mal vindos ao rés-do-chão.